terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Quem diria tchau?

Estavam beirando o precipício. Talvez o mais profundo que já tivessem chegado perto.
Mudaram suas almas e, junto com elas, mudaram também seus princípios. Valores que antes pareciam importantes pra um, já não eram mais para o outro.
Num desses dias em que o cansaço de nada toma conta de tudo, ela parou para rever fotos antigas, de uma época em que estava tão triste, tão preocupada, e acabou percebendo que, mesmo no meio de tudo isso, existia alguma diferença em seu olhar. Existia um pequeno rasgo de uma felicidade qualquer. Sutil, porém existente.
Poderia ser pela certeza de que existia ele. De que o possuía de corpo e alma. Havia uma esperança, que nem ela sabia onde ia buscar, sempre presente ali, do seu lado. Forte e destemida. Fazendo-a ser também assim .
Existia o gesto bonito do outro lado do telefone, a preocupação verdadeira, a crendice na fragilidade (mais fragilidade do que crendice). Existiam mais. Acreditavam. O sentimento estava inteiro. Bonito, leve, sutil, extremo, invejável, forte. Ela o possuía, ele a desfrutava.
Agora não tem mais a espera dos minutos que antecedem à conversa, nem as declarações inundadas de um qualquer sentimento maior do que sí mesmos. Não. Não existiam mais e como isso doía.
Esperavam se reconhecer todos os dias. Ela buscava se desprender pra querer prender-se, outra vez. Mas tudo o que conseguia era mais certeza dessa coisa triste de que não pertenciam-se como antes. Não adiantava reclamar, falar que nada estava certo, chorar, tentar desesperar. Era uma impotência silenciosamente declarada.
Os abraços de quase total junção já não eram mais tão apertados e aquele brilho no olhar – Ah, aquele brilho – havia ido embora. O cheiro dele nem parecia mais tão diferente e, por muita vezes, ele havia dito que o dela estava estranho.
A verdade é que ela não sabia até onde esse ciclo continuaria e a desesperava imaginar que não conseguia mudar o curso de alguma forma. Suas vidas estavam desencontradas. Estavam, e muito avisadamente, caminhando para um ultimo desencontro sem precedentes ou coincidências embutidas. No entanto, mesmo existindo convicção, quem diria tchau?.

5 comentários:

  1. Se tudo está bem, pra que destruir ou desistir?

    =)

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  2. mt bom....adorei seu texto, mt bem escrito! parabens

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  3. Não está tudo bem, se você procurar entender... acabou-se a magia do encontro. Só que é difícil dizer tchau.

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  4. Quando a admiração se vai, não há mais nada que segure e una, o encantamento acaba com qualquer chance de união. Parabéns. Abraço

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  5. Olá, tudo bom?
    Vi seu blog na comunidade "Blog-Blogspot & Wordpress" e achei muito interessante.
    Comecei um blog tbm, se puder e não for pedir muito, de uma passadinha no meu?

    http://cabecafeminina.blogspot.com/

    Muuito obrigada e parabéns pelo blog!!!!

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